Fotos de Sete Lagoas Antiga
A exposição de Fotos de Sete Lagoas me trouxe muitas recordações, saudades e mesmo nostalgia.
Sei que o progresso é importante, mas tenho saudade da Sete Lagoas da minha infância, adolescência e começo de vida adulta, pois era uma cidade tranquila, de clima agradável, sem poluição e bela na sua simplicidade.
Podíamos brincar na rua, aquelas saudáveis brincadeiras de roda, de chicotinho queimado, estátua, amarelinha, bolinas de gude etc. Não havia supermercados, lojas mais sofisticadas, o que fazia com que de vez em quando, tivéssemos que ir à capital. Nós morávamos em uma casa na Rua Luiz Privat, hoje Governador Milton Campos, cujo quintal comunicava com os dos meus avós, que moravam na rua Lassance Cunha.
Era um quintal enorme, onde tinha a Fábrica de Manteiga “Ivone” que era de propriedade de meu avô. Era muito importante na época, pois ainda não existia nem mesmo a Coopersete, nem a Itambé. Então era lá que as pessoas iam comprar leite, manteiga e até creme de leite fresco e buscavam soro para tratar de porcos. O leite vinha das fazendas em lombo de burro – numa lata de um lado, outra lata do outro lado.
Vizinha da fábrica de manteiga, tinha a fábrica de doces do Sr. Monteiro. Cresci convivendo com meus avós e tios, pois tinha um portão no muro da nossa casa que comunicava com o quintal da casa deles. E que quintal! Grande e cheio de árvores frutíferas: mangas, goiabas, mamões, pêssegos, abacates, nêsperas pitangas, amoras, uvas, araçás, laranjas, figos, bananas, jabuticabas, cajus, jambos e até um canteiro de morangos. Havia também um jardim grande com muita variedade de flores e uma horta também grande. Aprendi muito com minha avó, cuidando das verduras.
A casa dos meus avós era linda! Tenho muito pesar por ela ter sido desmanchada.
Quando minha avó morreu (meu avô já tinha morrido), ela foi vendida para a Minascaixa, pois eram muitos herdeiros... Sem dúvida era uma casa que deveria ser preservada.
Outras boas lembranças: o Bar do Sr. Nóe, na rua Emílio Vasconcelos onde íamos tomar Mate Couro, que era novidade! E os sorvetes e picolés? Eram de-li-ci-o-sos!
Havia os cines Meridiano e Trianon onde, nos finais de semana, íamos às matinés ver Tarzan, Tom e Jerry, Peter Pan, Alice no País das Maravilhas, etc...
Tinha também o mercado que funcionava onde hoje é a Praça Rio Branco, depois foi para a rua Monsenhor Messias, só que totalmente descaracterizado - virou Feira do Paraguai. Mas antes, era lá que íamos comprar os produtos que vinham da roça: batata, madioca, inhame, verduras e frutas.
Tive um tio que era maquinista e muito extravagante. Uma vez trouxe para casa dos meus avós um filhote de onça pintada. Foi uma festa para as crianças e eu brinquei muito com a oncinha, que chamávamos de Ronron, por causa do som que ela fazia.
Meu pai era caminhoneiro - trazia pedras para serem transportadas pela Ferrovia, a Central do Brasil. Depois, quando vieram as cerâmicas, ele transportava telhas, manilhas e tijolos para Belo Horizonte e de lá trazia material para o comércio daqui: cimento, café, ferragens, etc...
Ainda não mencionei as belezas naturais de minha cidade: as lagoas e a Serra de Santa Helena. Morávamos perto da Lagoa Paulino e era lá que iamos mais. Como era linda a lagoa! Posso dizer. sem medo de errar, que era muito, muito mais bela! Tinha o cais que ficava em frente onde é o CAT. O jardim existente em frente o cais, do outro lado da rua, era bem mais baixo e chamam-no de "Jardim do Pecado".
No cais da lagoa havia pedras grandes, retangulares, que eram como bancos. A iluminação era com lâmpadas que lembravam a iluminação antiga com gás. Nos postes havia base cimentada de onde erguia um tubo metálico e a lâmpada em cima.
A lagoa Paulino tinha água cristalina; víamos as piabas em quantidade e lindas e grandes trairas também, peixes que não vivem em águas poluídas como as de hoje. Na seca, quando ficava uma parte sem água, passeávamos lá e víamos nas beiradas os girinos, que eu achava a coisa mais linda do mundo. Eu havia aprendido a respeitar os sapos, as pererecas como animais úteis. Na lagoa tinha também plantas aquáticas parecidas com as violetas, com flores brancas. Já apreciávamos os buritis e sabíamos da sua importância.
Na serra de Santa Helena, papai nos levou de caminhão numa das suas festas anuais, não sei sei bem em que ano. O mês era maio. E também íamos noutras épocas, para fazer piquenique na Cascata
A cidade ainda tem algumas construções antigas e importantes: o Casarão, a Capela de Santa Helena e algumas poucas casas mais. O prédio da Escola estadual Dr. Artur Bernardes também foi construído há
muito tempo e é tão magestoso como era no tempo em que lá estudei . Em minha juventude, cursei a Escola Técnica de Comércio, hoje Escola Estadual Prof. Maurílio de Jesus Peixoto.
Algumas fotos de minha turma do Curso Técnico de Comércio guardo com carinho. Após o término das aulas, saíamos juntos e registramos esses momentos diante de nosso colégio, em frente ä estátua do expedicionário que ficava mais próximo ao Artur Bernardes.
E também diante do gradil do Cine Rivelo, onde nós e todos os jovens da época iamos ver a divulgção dos filmes que entrariam em cartaz.
E também diante do gradil do Cine Rivelo, onde nós e todos os jovens da época iamos ver a divulgção dos filmes que entrariam em cartaz.
Quantas lembranças! São tantas que não consigo descrevê-las todas. A exposião de fotos foi responsável por uma grande explosão de imagens, sentimentos, que me fizeram reviver o passado que não volta mais. Ao mesmo tempo, me fazem sentir muito viva e presente na história da minha cidade.





Boa Tarde, professoras Ângela Vargas e Roxane Marques.
ResponderExcluirEu sou Fábio Vasconcelos, aluno do Mestrado em Educação Tecnológica do CEFET/MG. Faço uma pesquisa sobre a Escola Complementar de Comércio de Sete Lagoas, hoje Escola Estadual Prof. Maurílio de Jesus Peixoto. O recorte temporal da minha pesquisa compreende as décadas de 1920 a 1945.
Eu já fui à EE Maurílo e já coletei várias fontes documentais com o pessoal da Secretaria, que por sinal fui muito bem atendido.
Agora eu preciso contextualizar a Escola com a realidade social da época. Para isso eu preciso encontrar jornais e revistas que circularam dentro do período da pesquisa. Para tal, eu gostaria de contar com a ajuda as senhoras para ajudar-me a rastrear mais fontes que fazem referência a Escola fora do contexto escolar. As senhoras poderiam me ajudar?
Desde já agradeço, abraços, Fábio Vasconcelos